Educador, sociólogo e filósofo, Sérgio Barbosa é especialista em violência de gênero, masculinidades, sexualidade masculina e políticas públicas. Convidado pelo SINPROFAZ para ministrar palestra no âmbito do projeto PFN e Gênero: Sensibilização, Conscientização e Diálogos, o professor abordou, entre outros, o tema das masculinidades. De acordo com Sérgio Barbosa, esse conceito se refere a um conjunto de expressões projetadas dentro de um padrão com o intuito de “afirmar valores, legitimar atitudes e justificar pensamentos”. Envolve atributos ensinados ao longo da infância, cristalizados durante a adolescência e naturalizados na fase adulta. Em diferentes graus, portanto, faz parte da vida de todos os homens e estabelece “um mundo de privilégios, que aceitamos como naturais”.
Em razão da obra O poder do macho, Sérgio Barbosa citou a autora Heleieth Saffioti, segundo a qual os papéis de mulheres e homens nas sociedades nômades não eram de disputa, mas de complementação. “Aquela imagem de um homem, com um tacape na mão, puxando uma mulher pelos cabelos nunca existiu de fato. É uma projeção do imaginário masculino, como se houvesse violência desde sempre.” Conforme Sérgio Barbosa, no entanto, a violência só começou quando a sociedade passou a adquirir propriedades: “Para trabalhar a terra, as famílias precisavam ter muitos filhos. O corpo da mulher foi, então, apropriado pelo homem, dominado pelo medo e pela insegurança e explorado, pois se tornou um meio de produção de riquezas. O patriarcado nasceu violento”.
O machismo, para o professor, representa um lugar de apropriação, de dependência, de hierarquia. “Como se o homem, para ser reconhecido como varão, necessitasse ter alguém sob seu controle”, explicou. Segundo Sérgio Barbosa, o machismo, o patriarcado e as masculinidades criam, nos homens, um estado em que a violência é a forma possível de expressão. Nessa perspectiva, o homem não pode demonstrar sentimentos ou fragilidades. “Estamos o tempo todo controlando nossas emoções. Esse ‘labirinto’ nos leva à violência. Precisamos nos tornar ‘protagonistas do nosso próprio processo’, olhar nos olhos, falar com os outros homens e libertar o oprimido que há dentro de nós”, convocou o palestrante, que concluiu: “Vamos romper os privilégios, o pacto e o silêncio”.
Quer assistir à palestra completa? Acesse o YouTube do SINPROFAZ: bit.ly/SergioBarbosa