A saúde mental da mulher, especialmente no contexto da maternidade, norteou a palestra de Adriana Fregonese durante o Mês PFN e Gênero: Sensibilização, Conscientização e Diálogos. Coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital do Coração – HCor, Adriana Fregonese é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, além de mestre e doutora pela mesma instituição. Segundo a palestrante, a saúde mental envolve o equilíbrio emocional e a qualidade de vida e, por ser essencial à integridade do ser humano, deve contar com o mesmo cuidado que a saúde física normalmente recebe: “É muito importante que aprendamos a administrar as situações, emoções e adversidades que a vida apresenta. Isso sem comprometer a nós mesmas e aos outros”.
A psicóloga abordou a questão da sobrecarga, definida como tudo aquilo que excede a uma carga considerada normal. A dificuldade, conforme Adriana Fregonese, está em encontrar essa “régua” da normalidade. De acordo com a palestrante, uma das consequências da sobrecarga é o estresse, compreendido como a reação psicofisiológica que quebra a homeostase, isto é, o equilíbrio do organismo. “Para enfrentar o estresse, dependemos de um conjunto de respostas físicas, emocionais e comportamentais. Esse repertório nos leva a uma situação de ajustamento. Quando nos adaptamos, no entanto, acabamos entendendo que ‘aquilo pode ser feito’, que ‘pode fazer parte da nossa vida’. Então perdemos um pouco do crivo da sobrecarga e acumulamos funções sem muita crítica, sem muita reflexão.”
Ao relacionar estresse e maternidade, Adriana Fregonese chamou a atenção para a concepção de que “ser mãe é padecer no paraíso” – ideia equivocada que compõe um universo idealizado onde a sobrecarga imposta à mãe é ignorada. “Historicamente, a gestante foi pouco assistida do ponto de vista da saúde mental, pois acreditava-se que a gestação era uma fase plena, de alegria e de tranquilidade. Hoje sabemos que os transtornos psiquiátricos são frequentes”, informou a professora, que alertou: “Em nosso sistema de saúde, temos o pré-natal, mas não há uma atenção à higidez mental da gestante. Os sintomas próprios da gestação se sobrepõem aos da ansiedade e da depressão, o que dificulta o diagnóstico do transtorno psiquiátrico e faz com que o quadro se agrave”.
De acordo com Adriana Fregonese, sintomas depressivos e de ansiedade motivados pelo momento de adaptação acometem cerca de 70% das gestantes no mundo. Dessas mulheres, de 10% a 16% desenvolvem a doença da depressão. Segundo a professora, a ciência já sabe que a saúde mental da gestante influencia a saúde do feto, pois, por meio da mãe, o bebê é capaz de se comunicar com o mundo externo. “Ele acaba recebendo, via cordão umbilical, todos os hormônios depositados no sangue em razão do estresse: a adrenalina, a noradrenalina, o cortisol, a dopamina. Então o bebê passa a sentir a mesma perturbação emocional da mãe. Estudos confirmam que temos memórias bioquímicas. Por isso é importante que as grávidas consigam amenizar o efeito do estresse em suas vidas.”
Para conferir a palestra completa, acesse: bit.ly/AdrianaFregonese.