Silvia Pimentel tem mais de 40 anos dedicados à luta pelos direitos das mulheres. Cofundadora e membra do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher – Cladem, atuou como coordenadora nacional do Comitê, tendo sido uma das responsáveis por levar o caso Maria da Penha à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Também integrou o Comitê da Organização das Nações Unidas sobre Eliminação da Discriminação contra as Mulheres – Cedaw-ONU (2005-2016), o qual presidiu por dois anos. Em 1988, foi uma das responsáveis pela redação da Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes.
Em virtude do extenso currículo, Silvia Pimentel é uma das mais importantes juristas brasileiras. Convidada para a palestra inaugural do projeto PFN e Gênero: Sensibilização, Conscientização e Diálogos, a professora doutora da Faculdade de Direito da PUC-SP discorreu acerca do conceito de gênero trabalhado a partir da análise da mulher no mundo – problemática que remete à situação de subalternidade não apenas em termos jurídicos, mas especialmente em termos de condições sociais, econômicas, culturais e materiais, como explicou a palestrante.
“Procuremos entender a ‘condição das mulheres no mundo’, como fala Simone de Beauvoir, a partir da consideração de que, por nascermos com o sexo biológico mulher, passamos a viver numa situação de inferioridade não por um destino biológico, mas porque existe uma construção sociocultural histórica de papéis diferenciados para homens e mulheres. Especialmente do período da pré-modernidade à modernidade, nosso lugar na sociedade capitalista foi marcado como sendo o ‘dentro de casa’ e não no mundo público, onde são criadas as normas, discutidas as políticas e definidos os direitos”, iniciou a professora.
Levando em conta o tema da Mesa – Gênero, Direito e Interseccionalidades –, Silvia Pimentel lembrou a pensadora Kimberly Crenshaw, responsável por cunhar o conceito da interseccionalidade. Sobre o tema, a jurista ressaltou que “em nosso país, ser uma pessoa negra ou homossexual é uma marcação social de desempoderamento, de estigmatização, que traz fortíssimos sofrimentos e desigualdades”. De acordo com a palestrante, trabalhar com gênero permite a todos “uma intervenção, em termos de democracia, de direitos humanos e de respeito ao outro, muito maior do que aquela da qual éramos capazes antes do desenvolvimento do conceito de gênero”.
Para assistir à íntegra da palestra, acesse bit.ly/AberturaMesa1 (a partir de 1h02’03”).
Quer saber mais sobre a jurista Silvia Pimentel? Assista ao vídeo e confira a entrevista que ela concedeu à Revista Pesquisa, da FAPESP: revistapesquisa.fapesp.br/silvia-pimentel-o-direito-das-mulheres