Brasil já é o 12º país em milionários – SINPROFAZ

NOTÍCIAS


Confira as notícias

02 abr, 2013

Brasil já é o 12º país em milionários


Por Márcio Sampaio de Castro | Para o Valor, de São Paulo

Eles não gostam de aparecer fora de seu próprio círculo social. Nas ocasiões em que atendem aos entrevistadores do IBGE, costumam informar uma renda compatível ao salário de altos executivos, raramente fazem referência a ganhos milionários provenientes de investimentos em negócios diversos ou no mercado de capitais e dados oficiais que retratem com precisão a crescente parcela de novos milionários brasileiros são praticamente incipientes. Mas uma olhada sobre uma série de dados esparsos, oriundos principalmente de pesquisas de mercado, ajuda a iluminar quem são e o que querem essas pessoas.

“No caso do Brasil, é muito difícil mapear os milionários. É possível observar alguns sinais, identificar, por exemplo, a expansão do mercado do alto luxo. Em uma economia mundial em crise, a cidade de São Paulo aparece com a segunda maior frota de helicópteros do mundo. Evidentemente, é um sinal de que há uma camada de hiper-ricos e milionários integrada à dinâmica econômica do país e que não aparece com clareza em nenhuma pesquisa das principais instituições brasileiras, como o IBGE ou a Fundação Seade”, observa Denis Maracci Gimenez, professor da Facamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), da Unicamp.

De fato, segundo dados da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), na última década, o crescimento da frota de helicópteros civis no Brasil foi da ordem de 58,6%. Somente em 2012, um ano fraco para a nossa economia, as aquisições cresceram 5%, em comparação com o ano anterior. As frotas brasileiras de helicópteros e jatos executivos concorrem em pé de igualdade com os números exibidos nos Estados Unidos. O esportivo Ferrari, cujo modelo mais barato não sai por menos de R$ 1,4 milhão, mantém uma venda média de 45 unidades por ano no país. Nos últimos anos, desembarcaram por aqui lojas da Bugatti, Bentley, Lamborghini, Tiffany, e das grifes Louis Vuitton Hermès, Missoni e Christian Louboutin.

Publicada no final do ano passado, a sexta edição da pesquisa “O Mercado de Luxo no Brasil” produzida pela MCF Consultoria em parceria com o grupo GfK, Brasil mostra que, apesar de uma pequena retração em relação a anos anteriores, o mercado de luxo brasileiro movimentou cerca de R$ 20,1 bilhões em 12 meses. Mesmo com a liderança incontestável da cidade de São Paulo em relação ao volume de negócios e ao consumo de alto padrão, cidades como o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba têm se tornado um foco crescente dos mais variados investimentos voltados a este público. Somente a capital fluminense teve um incremento de 62% nos recursos destinados para a ampliação ou criação de novos negócios de alto padrão. A demanda é tão significativa que em alguns casos a fila de milionários que aguardam por artigos sofisticados, que vão de bolsas a jatos executivos, pode chegar a 18 meses.

O Relatório sobre a riqueza mundial em 2012 elaborado pela Capegemini Consultoria em conjunto com a RBC Wealth Management, do Canadá, mostra que, mesmo com a crise econômica global, o número de milionários no Brasil aumentou em 6,2%, o que confere ao país a condição de figurar entre as 12 nações no mundo com o maior número de pessoas com este perfil, ameaçando roubar o 10º lugar da Itália, que, a exemplo de outros países considerados ricos, vem experimentando um decréscimo no número absoluto de pessoas com altíssima renda. Para fazer este levantamento a pesquisa apura e considera os indivíduos que possuem mais US$ 1 milhão disponível para investir.

Para o economista e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann, este crescimento reflete o avanço da economia brasileira nos últimos anos. Pochmann, que possui diversos livros publicados onde analisa questões como a pobreza, mobilidade social e relações de trabalho, prepara para breve o lançamento de um novo título com o objetivo de analisar o perfil da riqueza no Brasil. Apresentando alguns dados preliminares, o economista lembra que, mesmo com todas as políticas públicas de combate à pobreza implementadas em anos recentes, o avanço da riqueza se deu em ritmo mais consistente e amplo do que a diminuição da miséria no país.

“Houve um alívio na desigualdade de renda, mas seguimos ainda com sérios problemas nesta área. Já a riqueza avança na esfera produtiva, diferentemente dos anos 90 quando este crescimento ocorreu a partir da financeirização. Atualmente este avanço se dá no setor agrícola, com as commodities, no setor industrial e fundamentalmente no setor terciário, com destaque para os serviços”, aponta Pochmann. Enquanto o mercado de luxo avança e nas ruas dos grandes centros urbanos brasileiros símbolos de grande riqueza tornam-se elementos cada vez mais comuns na paisagem, a crescente parcela de milionários brasileiros segue à risca uma antiga receita de discrição: o segredo é a alma dos negócios.

Fonte: Valor Econômico



VOLTAR